Você pode engordar se...

Tem fases na vida em que, se a gente descuidar, pode ganhar 3, 4, 5 quilinhos no susto. Quase sempre, esses momentos estão ligados a mudanças de rumo, que mexem com a rotina, fazem a ansiedade disparar ou a tristeza aparecer... E daí, para compensar, dá-lhe chocolate, biscoito e salgadinho na tentativa de aplacar o turbilhão de emoções e rebater o stress. Quer a solução? Identifique as fases de risco e organize o contra-ataque. Nossa reportagem aponta seis circunstâncias em que a compulsão pode bater forte. Não caia na cilada e seu jeans querido vai vestir você por longos anos.

...Casou e mudou
"Depois do casamento, a gente se acomoda um pouco achando que não precisa mais se cuidar porque arrumou marido. Mas, agora, veja a situação: tenho 1,53 metro e não consigo sair dos 60 quilos", relata Mirian Fornazeiro, 36 anos, de Mairiporã (SP). Não se trata somente de relaxar com a aparência. Casar, morar junto ou sair da casa dos pais implica uma grande mudança de hábito. Além da ansiedade natural da adaptação, há as diferenças no modo de se alimentar -- menos comidinha caseira, mais congelados e fast food (leia-se disque-pizza, ligue-chinês...). Um estudo da clínica de Hipertensão e Obesidade da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) acompanhou 120 casais. Desses, 99 pares tiveram aumento do índice de massa corporal (IMC) em cerca de 20 anos de união. É claro que você não vai esperar isso tudo para tomar uma atitude.

o contra-ataque saudável
A palavra-chave nessa situação é cumplicidade: casal que emagrece unido consegue perder e manter o peso de forma definitiva. Essa é mais uma conclusão do estudo citado acima. Quando a mulher tenta seguir uma dieta sozinha, o parceiro pode virar um boicotador se não for convencido a entrar também no estilo saudável de alimentação. E, para convocar o maridão a adotar um cardápio mais leve, basta apelar à vaidade masculina: "Nenhum homem gosta de ter sua barriguinha como alvo de comentários entre os amigos", confidencia a nutricionista Adriana Kachani, de São Paulo. E, cá entre nós, eles encaram os desafios com maior facilidade, pois são mais práticos por natureza.

...perder o emprego
"Me formei na faculdade, mas ainda estou desempregada. Como estou infeliz, não consigo fazer dieta. Tenho preguiça de me exercitar e nenhuma vontade de sair de casa", diz Babi, 31 anos, de São Paulo. Desemprego é sinônimo de instabilidade e pouco dinheiro. Não dá para pagar a academia e muito menos investir em tratamentos estéticos ou na consulta com uma nutricionista. Pior: ser demitida ou preterida por outra candidata a uma vaga bate direto na auto-estima. "Isso dá uma sensação de estar incompleta e a comida vem preencher essa fome emocional", explica Daniela Zanuncini, especialista em psicologia do corpo, de Curitiba.

o contra-ataque saudável
Parece difícil nessas horas pensar com clareza, mas é importante tomar consciência de que o exagero na comida pode se tornar uma vingança contra você mesma. "Essa é uma forma errada de canalizar a raiva", alerta Daniela. Vire o jogo: aproveite que está mais tempo em casa e prepare refeições saudáveis, organize cardápios gostosos e magros, aprenda a preparar pratos rápidos em vez de descongelar a lasanha pronta. Assim, você evita um efeito colateral - sabe quando a gente fica à toa em casa e abre a geladeira para beliscar o dia todo? Com o plano mestre-cuca, você transforma a cozinha num ambiente amigo e não numa ameaça. Vale tirar um único dia para ficar na frente do fogão e deixar kits prontos para cada duas semanas. Agora, se você vive na rua, de entrevista em entrevista, o jeito é apelar para restaurantes por quilo (nada de coxinha no bar). "É claro que os quilos servem opções gordurosas, mas também oferecem boas combinações como arroz, feijão e uma carne grelhada", sugere Adriana Kachani.

...brigar com o namorado
Tem gente que emagrece muito, não entra nada no estômago, é verdade. Mas a maior parte das garotas acaba mesmo é engordando quando perde o namorado ou o marido. "Isso acontece com mulheres que já apelam para a comida como válvula de escape e nessa situação cometem ainda mais excessos", adverte a psicóloga Daniela Zanuncini. As estatísticas confirmam: uma pesquisa do Priory Group, organização inglesa que trata de transtornos alimentares, mostrou que um em cada três jovens britânicos recorrem a alimentos calóricos como consolo para crises amorosas. A delícia mais procurada? Chocolate, naturalmente. Não é à toa: esse doce é rico em substâncias que dão uma sensação de bem-estar muito parecida com a que sentimos quando nos apaixonamos.

o contra-ataque saudável
Quanto mais alimentos refinados (que se transformam rapidamente em glicose) entrarem no seu cardápio, mais insulina seu organismo produz. Isso, além de favorecer o estoque de gordura, diminui a serotonina (substância responsável pelo bem-estar) circulante no organismo. "O processo vira uma bola de neve: o corpo se acostuma ao doce e pede cada vez porções maiores", ensina Alexandre Merheb, nutrólogo, do Rio de Janeiro. A saída é trocar alimentos gordos e sem valor nutricional por coisas gostosas e saudáveis. "Por ser naturalmente adocicado, um copo de leite sem café nem chocolate ajuda a acalmar e traz aconchego", sugere Adriana Kachani. Lembre-se ainda de que, na nossa cultura, doce está relacionado ao afeto. Mas, na hora que você devora uma caixa de bombons, não está repondo o carinho e a atenção que perdeu. Está delapidando sua autoconfiança, afeta sua auto-estima e, por tabela, afasta a chance de um novo amor.

...estiver rachando de estudar
"Além da pressão de passar no vestibular, tenho de ficar me controlando para não beliscar à tarde. Só que de tanto me dizer não posso, acabo devorando um pacote de biscoitos enquanto viro as páginas do livro", conta Vanessa Mascote, 18 anos, de São Paulo. Na hora de estudar, os salgadinhos, balas, bombons e afins ocupam as mãos para driblar a ansiedade e garantem uma falsa sensação calmante. Quem passa o dia debruçada sobre os livros pode ter o péssimo hábito de pular o almoço ou o jantar para otimizar o tempo. Puro engano: por não ter almoçado, a gente se permite uma barrinha, uma fatia de queijo, que pesam na balança. Pular uma refeição prejudica o desempenho intelectual.

o contra-ataque saudável
"Assim como é fundamental planejar um cronograma para dar tempo de revisar toda a matéria, organizar a alimentação nesse período evita que o ganho de peso vire outro fator de stress", adverte Adriana Kachani, nutricionista de São Paulo. Estabeleça e respeite horários rígidos para as principais refeições. "Na hora de comer, saia do ambiente onde estuda, faça seu prato, sente-se e transforme esse momento na sua hora de descontração, mastigando devagar, afastando seu pensamento dos estudos", acrescenta Adriana, que recomenda ainda não comer diante da TV nem lendo nem falando ao telefone. Programe mais duas pausas entre as refeições, para lanches. Se estiver estudando em grupo, leve para mesa porções em pequenos refratários (uma xícara é uma boa medida) de pipoca, cereal de milho sem açúcar, maçã picada ou cookies integrais. Um aliado importantíssimo nessa fase é o carboidrato complexo (arroz e massa integrais, hortaliças), que garantem mais energia mental para turbinar seu cérebro.

...completar 30 aninhos
"Fazer 30 anos me pegou. Nunca tive preocupação com peso, mas agora vivo de dieta. Sinto que, só de olhar para a comida já engordo 500 gramas", conta Ana Beatriz, 30 anos, de São Paulo. Calma! Não estamos dizendo que, ao soprar a vela, você, automaticamente, já ganha vários quilos a mais. Na realidade, em torno dessa idade o metabolismo das mulheres começa a perder aos poucos o ritmo, tornando-se mais vagaroso em todas as funções que realiza, inclusive na queima dos excessos. Isso significa que para fazer suas atividade corriqueiras do dia-a-dia -- trabalhar, pensar, caminhar, respirar... -- seu corpo vai gastar menos calorias do que costumava consumir aos 20 anos. "Além disso, há uma menor secreção do hormônio de crescimento e, com isso, uma maior facilidade para engordar", acrescenta Alexandre Merheb, nutrólogo, do Rio de Janeiro.

o contra-ataque saudável
Primeira providência: comece agora a fazer musculação. Está provado que, com o ganho de massa muscular, o seu metabolismo basal acelera, sem falar no efeito garantido contra a flacidez. "Quem se exercita com carga regularmente, colhe os benefícios mesmo após ter terminado a rotina de atividade física", diz Alexandre. Traduzindo: se você puxou ferro por uma hora, seu corpo mantém a mesma taxa de gasto calórico por mais 15 minutos, mesmo durante o descanso. Melhor ainda: o metabolismo de quem nunca foi sedentária pode se manter acelerado até três ou quatro horas depois do exercício. Além da malhação, você precisa tomar mais cuidado com a dieta.

...ficar grávida
"Tive muita fome na gravidez e acabei engordando 20 quilos. Saí da maternidade com 10 a menos. Durante a amamentação, perdi mais 8 -- 2 a cada dois meses. Os últimos quilinhos parecem não querer ir embora de jeito nenhum!", reclama Claudia de Oliveira, 24 anos, de São Paulo. Segundo o Instituto de Medicina da Academia Nacional de Ciência dos Estados Unidos, as mulheres com peso normal antes de engravidar podem ganhar entre 11 e 16 quilos na gravidez. Mas o grande mito é que durante os nove meses você pode e deve comer de tudo e por dois. "A mulher precisa de uma quantidade extra de apenas 300 calorias ao dia a partir do segundo trimestre, o que garante um perfeito desenvolvimento do bebê", admite Adriana Kachani. Isso não quer dizer comer uma barra de chocolate pequena extra, mas aumentar um pouco a quantidade das porções das principais refeições para variar os nutrientes.

o contra-ataque saudável
Amamente o seu filho pelo menos por seis meses. Além de ajudar a queimar gordura, o aleitamento age diretamente na contração do útero, fazendo sua barriga voltar rapidamente ao lugar. Nesse período, você está autorizada a comer um extra de 500 calorias por dia, o que não vai pesar na balança porque amamentar queima cerca de 700 calorias nesse mesmo período. Por isso, mesmo que não sobre tempo para voltar à rotina de ginástica, o saldo dessa conta, 200 calorias, tem o valor de uma caminhada bem puxada. Fique atenta também às noites em claro por causa do bebê. "Quem fica acordada de madrugada pode cair na cilada da compulsão noturna e visitar a geladeira mais do que deveria", afirma Adriana Kachani. Se isso acontecer, tome um copo de suco natural, beba chá, coma uma fruta, combinado?

*FONTE: REVISTA BOA FORMA